Matéria na Revista Backstage sobre a consultoria da Giner para a Igreja Batista de Campos de Goytacazes .
“E falou o Senhor a Moisés, dizendo: ‘E me farão um santuário, para que eu possa habitar no meio deles’” (Êxodo 25:8). Baseada nesta passagem bíblica, a Segunda Igreja Batista de Campos dos Goytacazes, no norte do Rio de Janeiro, construiu seu mais novo templo, com capacidade para certa de três mil pessoas sentadas, e uma área de quase dois mil metros quadrados e altura de 9,5 metros.
Localizado num antigo ginásio poliesportivo, a edificação necessitou de atenção especial – devido ao tamanho do espaço – no isolamento e condicionamento acústicos, bem como em seu projeto de sonorização.
ACÚSTICA
O consultor responsável pelo projeto, José Carlos Giner, explica que o prédio possuía paredes robustas, mas um telhado inadequado para suportar o peso do forro isolante. Segundo ele, durante a ‘fase projeto’, diversos estudos de modelos acústicos foram realizados para que houvesse interação junto à dispersão do sistema de áudio proposto. “Além de ajustas métricas acústicas necessárias para a sala, tais como: resposta impulsiva, tempo de reverberação, clareza, inteligibilidade StiPa (um descritor acústico que define se os ouvintes em uma sala conseguem compreender bem a “Palavra”) tivemos que ter a aprovação do conselho da igrja quanto ao layout dos dispositivos acústicos”, explica Giner, que demorou seis meses para concluir o trabalho, ao lado de outros cinco profissionais.
Primeiro lugar, a palavra
Igreja de Campos (RJ) ganha sistema de áudio com base em passagem bíblica
Há cerca de 30 anos no mercado, Giner ressalva que um bom projeto acústico deve, primeiramente, isolar o local do meio exterior. Parece óbvio, mas, de acordo com o consultor, ainda há grande repulsa à regra. “Infelizmente, algumas igrejas desconsideram esse fator. O louvor não pode perturbar a vizinhança, muito menos o ruído de fora ‘mascarar’ a pregação. O condicionamento interno deve privilegiar a inteligibilidade. Para tanto, na igreja de Campos, houve estudo para o desenvolvimento de ‘canopies’ e ‘orchestra shell’ (elementos comuns em palcos para controlar e reforçar as reflexões da orquestra), visando consolidar suporte aos ouvintes e músicos. Otimizamos coeficientes de espalhamento dos difusores e descritores acústicos (como a clareza) e desenvolvemos cobertura, auxiliar, para a mitigação dos ruídos e conforto térmico”, diz.
Na opinião de Giner, o descaso por parte de algumas igrejas se deve à falta de conhecimento técnico dos profissionais encarregados pelo áudio nas congregações, ou à ânsia de vender seus produtos por parte dos lojistas, fabricantes etc. “Um sistema de reforço sonoro em igrejas é alterado de três a quatro vezes por ano, até que o projeto acústico seja realizado. Infelizmente, isso não acontece no Brasil. Padres, pastores e alguns profissionais de áudio omitem os problemas acústicos para minimizar os custos e ‘fechar’ logo o pedido. Desta forma, transferem o problema para a igreja que, certamente, gastará três vezes mais, até conseguir um resultado satisfatório”, avalia.
“Para saber qual linha seria ideal, peguei a planta do projeto acústico e, por meio de um software, simulei o resultado do equipamento naquele espaço. Nele, tenho informações de pressão sonora, inteligibilidade, entre outros (Fabio Zacharias)”
ÁUDIO
O sistema de som da igreja de Campos é FZ J08A, da FZ Áudio, instalado pelo engenheiro de áudio, Fabio Zacharias. De acordo com ele, a realização do projeto levou dois meses e o convite para o trabalho surgiu por intermédio do pastor Fernandinho, que já usava monitores da FZ em suas apresentações. “O Fernandinho usa a linha FZ M212 e sabendo do interesse da igreja em construir outro templo, sugeriu aos dirigentes uma avaliação com o sistema. Para saber qual linha seria ideal, pequei a planta do projeto acústico e, por meio de um software, simulei o resultado do equipamento naquele espaço. Nele, tenho informações de pressão sonora, inteligibilidade, entre outros”, informa.
Com espaço para receber cerca de duas mil pessoas, a Segunda Igreja Batista de Campos é resultado de mais um ano em obras. Nos moldes das igrejas americanas, o tempo possui vários projetos de desenvolvimento dos jovens nas artes, e uma agenda de programas para a integração destes na fé cristã.
Fabio destaca a importância de engenharia sonora na hora da instalação do equipamento, pois, em sua opinião, nos dias de hoje, as pessoas vão à igreja com mais frequência e têm maior interesse em compromisso com a fé evangélica do que há tempos atrás. “Vejo muita instalação à base da intuição. Não construímos prédios baseados nisso, por que fazer o mesmo sistema de áudio? Infelizmente, ainda há uma cultura de que mexer com som é como ‘pôr lâmpadas no jardim’; já que não precisa de atenção redobrada. O parâmetro é a distribuição do áudio em sua totalidade. Sonorizar uma igreja, atualmente, é como sonorizar um teatro. Deve envolver profissionais, assim como exige os melhores equipamentos”, coloca.
Para o diretor de sonorização da igreja, Syllas Castello Júnior, com o novo sistema de som a demanda por trabalho na congregação aumentou, profissionalizando o setor que, por fim, ganhou um departamento específico. “Agora, a tecnologia é completamente diferente. Nós usávamos um console digital AV1 da Yamaha, e hoje, temos duas mesas Venue da Digidesign. Fui obrigado a contratar um profissional do áudio para me ajudar neste trabalho. Até então, era de forma voluntária”, diz Syllas, há 16 anos na igreja de Campos.
Esteticamente bonita por fora, grande parte das pessoas se sente atraída pela fachada do espaço e acaba entrando no lugar. O outro templo da congregação na região é tombado como patrimônio histórico da cidade – fato que confere mais credibilidade à igreja. “Trabalhamos também em função da curiosidade das pessoas. Se todo mundo que chegar lá ouvir um som mal operado, agredindo os ouvidos, a tendência é que o possível fiel não volte mais. Temos que dar conforto. No som, toda a estrutura a estrutura é dividida por torres de delay, por tanto a frequência enviada na frente do púlpito é a mesma que chega à última cadeira”, afirma Syllas. Seguindo esta linha de raciocínio, Fabio Zacharias Ressalva a importância do sistema de áudio é ponto-chave para o sucesso do culto. Ultimamente, as igrejas têm investido em boa infraestrutura e o som, felizmente, tem feito parte disto”, completa.
A Segunda Igreja Batista de Campos abre as portas sempre aos domingos de 9h às 21h.